Uber e aplicativos de mobilidade se tornam populares em Guabiruba

Motorista conta como é a rotina e o retorno financeiro das corridas

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Crédito Foto: Grazielle Guimarães

Segundo dados divulgados pela revista Exame em Abril de 2019, aplicativos como Uber, 99, iFood e Rappi se tornaram, juntos, os maiores empregadores de Brasil. São cerca de 4 milhões de funcionários autônomos, que encontram nesses aplicativos de mobilidade e pronta entrega uma possibilidade de se sustentar, diante da recessão econômica que assolou o Brasil nos últimos anos.

Pouco a pouco os aplicativos, em especial os de mobilidade como Uber e 99, foram ganhando o Brasil em diversas cidades e Guabiruba não ficou de fora desta onda. Cleber Fuckner, 41 anos, atua há cinco meses como motorista pelos aplicativos Uber, 99 e Garupa, uma forma de complementar sua renda familiar.

“Eu fiquei um período só estudando, estou terminando o curso de arquitetura na Assevim, a minha esposa é representante autônoma, ganhava bem, e eu cuidava das minhas três filhas e estudava. Até que as coisas no trabalho dela não ficaram tão boas e eu tive que procurar uma renda para complementar o sustento da nossa família. Nós vendemos o carro que tínhamos e compramos um mais econômico para trabalhar”, conta o morador do bairro Lageado Baixo.

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Apesar de poder fazer seus próprios horários, Cleber explica que a rotina é puxada e cansativa, exigindo cerca de 12h de trabalho por dia para que os valores das corridas compense ao final do mês. “É bem corrido, você trabalha cerca de 12h ou mais para conseguir cerca de R$ 300 bruto por dia, além que o carro acaba desgastando muito e, com isso, a desvalorização é bem rápida”, explica.

As principais corridas que Cleber realiza são em Brusque, principalmente levando pessoas de Guabiruba para a cidade vizinha. Ele conta que durante o trajeto ouve muitas histórias e desabafos de seus passageiros. “Algumas coisas nos deixam assustados, outras nós viramos um amigo ou psicólogo dos passageiros, que acabam abrindo o coração, falando sobre problemas pessoais e familiares. Isso faz a gente se distrair bastante”.

A criminalidade é um grande obstáculo para os motoristas, que acabam não tendo o controle dos passageiros que atenderão durante o dia. “Alguns motoristas simplesmente desistem, um colega do Garupa desistiu recentemente, após sofrer uma tentativa de roubo. Porém comigo nunca aconteceu nada, nem mesmo peguei um passageiro muito chato. Geralmente é bem tranquilo”, enfatiza.

Solução a curto prazo
Segundo o motorista, os aplicativos de corrida não compensam financeiramente a longo prazo, pelo número de horas e dias trabalhados e grande desgaste físico do motorista e do veículo utilizado. “O meu carro custa cerca de R$ 40 mil, eu peguei ele com 70 mil km rodados, depois de utilizá-lo por cerca de dois anos ele vai estar com 300 mil km rodados, o que vai dificultar a venda para pessoa física e a negociação com garagens acabam abaixando muito os preços dos carros com quilometragem alta, inviabilizando financeiramente a troca. Fora que trabalho todos os dias, exceto aos sábados, então se torna algo cansativo”, explica.

Cleber pondera que a curto prazo os aplicativos de mobilidade podem ser um bom auxílio financeiro. “Até a pessoa conseguir um emprego, ou uma estabilidade financeira por outros meios, a curto prazo, é algo interessante. Para mim só funciona a curto prazo, realmente”, salienta.

Por ser o aplicativo mais conhecido, a Uber acaba cobrando dos motorista a maior taxa, cerca de 25%, tanto o 99 quanto a Garupa cobram 15% dos valores das corridas. “Muitas vezes eu deixo o Uber e 99 ligado e a grande maioria das chamadas são pelo Uber, nem mesmo adianta deixar ligado os outros aplicativos”.

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