Foto: Arquivo Pessoal

Vilidya Schweigert Imhof veio ao mundo em 1930 pelas mãos de uma parteira. Teve 12 irmãos e, ainda criança, precisava se virar com os trabalhos de casa. Fazer comida, lavar roupa e limpeza antes que a mãe chegasse em casa. Também ia para a roça e lá trabalhava como os irmãos, seja na enxada, facão, foice ou machado. Tirava leite, buscava trato.  “Eu fazia de tudo, não reclamava de nada”, revela.

Vilidya era muito apegada ao pai. Seu pai, a ela. “Minha mãe gostava muito dos (filhos) homens. Meu pai sempre dizia pra ela: se eu tenho ela junto, é que nem um filho. Seja para o que for. Eu tô contente com ela, porque ela faz como um rapaz”, lembra, resgatando da memória uma infância que contrasta com a vivida hoje entre ela e a bisneta Ana Lara, de dois anos e seis meses.

Ambas brincam na sala da casa localizada na região central de Guabiruba. Ora Vilidya é filha da bisneta, ora sua paciente. Não importa o enredo ou as brincadeiras: é a vida se perpetuando através das gerações.

- Publicidade i -

Mãe com açúcar

Chegar aos 90 anos no dia 5 de maio, permitiu Vilidya ser uma mãe de diferentes gerações e de variadas maneiras.  Como filha, sentiu o amor pela sua mãe, embora a considerasse brava. “Ganhava saudades”, diz ela, que não ia trabalhar em casas de Brusque, como as irmãs. Ficou em Guabiruba e aos 11 anos foi empregada doméstica de dona Maria Kohler Kormann. Mais tarde, trabalhou para Elvina e Ewaldo Debatin. Foi na venda do patrão, quando precisava atender algum cliente, que conheceu o homem da sua vida e seu futuro marido, com quem teve quatro filhos: Loudes Maria, Maria Inês, Ailton Matias (Peco) e Roseane. Alguns nasceram em casa, outros na maternidade.

Com o passar do tempo, chegaram três netos e atualmente há quatro bisnetos na família. Sendo mãe, a senhora meiga e de cabelos hoje grisalhos viveu a imensidão da doação pelos filhos. Sendo avó, foi como diz o ditado, uma mãe com açúcar. Agora como bisa aproveita a companhia e as brincadeiras com os bisnetos.

As mudanças

Vilidya lembra que sua casa não tinha portas e que no Natal, colocava-se um lençol no cômodo em que se enfeitava o pinheiro. “Não devia espiar”. O presente era sempre o mesmo, mudava a pessoa que ganhava. Comida que nem hoje, nem pensar. “Cuca só quando tinha alguém de aniversário”, conta ela, que após casada ficou conhecida pelo café sempre posto à mesa e pela distribuição de comida nas redondezas. Peixe, bolo, cuca, pão. Tudo que fazia em casa mandava os filhos entregarem aos vizinhos.

O pelznickel naqueles tempos batiam. “Passei muito medo. Te garanto que era mais brabo. Eram rapaz grande e alto que batiam mesmo. Os pais deixavam. E as vezes até falavam, pode bater que ela não escuta, pode bater”, lembra Vilidya.

Ela também conta que o namoro naquela epoca era como “estar com um estranho. Não podia ficar junto, só ficar perto. O namoro era na varanda, com as irmãs sentadas ao lado.

Vilidya diz que Guabiruba mudou bastante nos últimos tempos. Muita coisa se transformou nesses 90 anos, mas esse amor de mãe é o que não muda. Ele apenas se renovou com o nascimento dos netos e bisnetos.

Deixe uma resposta

- Publicidade -
banner2
WhatsAppImage2021-08-16at104018-2
previous arrow
next arrow