Imagem: Arquivo Pessoal

Esta entrevista integra a série Vidas e Vozes de Mulheres na Pandemia.

Carmen Regina Ebele: Quem é você? Qual o seu nome, idade, estado civil? Têm filhos, quantos? Onde mora, qual sua profissão? Alguma outra informação que descreve você?

Arlete Molinari Colombi: Eu sou Arlete Molinari Colombi, tenho 50 anos, sou técnica de enfermagem, casada, e tenho dois filhos. Moro na Guabiruba e sou atuante na comunidade. Temos uma empresa de turismo, onde toda a família trabalha.

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CRE: Conte sobre sua rotina em casa. A pandemia afetou de alguma forma as suas atividades ou das outras pessoas da família?

AMC: O meu dia a dia não teve grandes mudanças, pois trabalhei sempre, mas o do meu marido e filhos, sim, pois faziam viagens de turismo, e com a pandemia tudo mudou. Tiveram que se adaptar à nova rotina, o que não foi nada fácil. A minha dificuldade foi maior ainda, pois não só no trabalho era muito difícil, em casa, meu marido e os dois filhos estavam quase perdendo a esperança, pois a nossa empresa estava indo bem, com bastante trabalho, e de repente tudo parou. Havia muitas viagens agendadas, um ônibus novo para chegar, de mais de um milhão de reais, que foi comprado. O que fazer? As dificuldades vieram, pois passamos com muito pouco para sobreviver. Coloquei tudo nas mãos de Deus, e pedia que ele desse força a eles, para enfrentar com serenidade e paciência. Hoje, depois de seis meses, estamos recomeçando, com muitos planos e sonhos para realizar. Essa pandemia trouxe também a calmaria, a paciência, o tempo de convivência entre nós, com a nossa família. Almoçar juntos, tomar café juntos, rezar juntos, assistir à missa diariamente, e principalmente tempo de agradecer por estarmos bem de saúde

CRE: Conte-nos sobre a sensação de sair para trabalhar na Policlínica e saber que vai transitar em meio a pessoas infectadas pelo vírus. Quais os desafios frente a essa realidade?

AMC: Tento não pensar no que vou encontrar, e que os desafios encontrados servirão para novos aprendizados, e nos tornarão pessoas e profissionais melhores em nosso dia a dia.

CRE: Você gostaria de partilhar alguma experiência ou uma cena marcante de aprendizagem, de superação, no convívio com pacientes na pandemia?

AMC: Muitas foram as cenas que presenciei, de pessoas com medo da doença, de morrer, e também muita insegurança.

CRE: Frente aos medos e inseguranças das pessoas contaminadas, para você, qual deve ser a postura, a atitude de um profissional de saúde?

AMC: Um profissional da saúde deve ter ética, compromisso, responsabilidade, conhecimento e, principalmente, passar segurança às pessoas afetadas.

CRE: Já pensou em desistir da profissão pelos riscos que a pandemia traz aos seus familiares e a vocês profissionais da saúde, que estão no combate contra o vírus?

AMC: Nunca pensei em desistir. Amo e valorizo a minha profissão e estou ciente dos riscos que enfrentamos neste trabalho.

CRE:  E seu marido, seus filhos, como tem reagido diante dessa nova realidade que você vivencia no trabalho?

AMC: Minha família sempre me acolheu e aceitou minha profissão. Eles sabem que faço meu trabalho com amor e para o bem da comunidade.

CRE:  O que você descobriu sobre você nessa pandemia?

AMC: Descobri que sou capaz de enfrentar desafios com os quais me surpreendi, com a segurança e tranquilidade com que enfrentei tudo isso. Acredito que isso venha da oração, fé em Deus e da estrutura familiar que tenho.

CRE:  Cite medos e alegrias vivenciados na quarentena. Do que sente falta? Qual o sentimento que você tem frente à pandemia?

AMC: No começo tive medo de perder alguém que amo muito, por isso tivemos todos os cuidados necessários para evitar a contaminação. Mas tivemos muitas alegrias também, como a recuperação de pessoas conhecidas, a solidariedade e o carinho da comunidade. Isso é gratificante, porém senti falta dos abraços, dos encontros com amigos e da liberdade que tínhamos antes.

CRE:  Em meio a tantas incertezas, mudanças, desafios que a pandemia nos impõe, você tem dicas, sugestões ou alternativas para as mulheres se manterem bem nesse novo estilo de vida?

AMC: O que posso sugerir às mulheres, é que não desanimem e não desistam de seus sonhos. Todos nós somos capazes de enfrentar os desafios que a vida nos apresenta.

CRE:  Como você acha que será a vida da humanidade após a pandemia?

AMC: É difícil saber como será o novo começo, mas gosto de pensar que teremos pessoas melhores, mais espiritualizadas, amorosas, bondosas, mais família.

CRE:  O que a pandemia vai deixar nas nossas memórias?

AMC: Ela veio para ensinar e transformar as pessoas, se não, de nada valeu tudo isso.

CRE:  Quando esse tempo difícil passar, quais são as coisas que você mais quer fazer?

AMC: Descobri que preciso usar melhor meu tempo, passando mais tempo com a minha família. A vida ensina que preciso ouvir mais e falar menos, que tenho autoestima e amo minha profissão, e que devemos nos cuidar sempre.

CRE:  Tem algo que ainda gostaria de contar?

AMC: Eu gostaria de dizer que nessa pandemia rezei e rezo muito para que as famílias continuem sempre mais unidas, que voltem a ter seus empregos, e principalmente a minha, que foi muito afetada.

CRE:  Compartilhe uma frase ou pensamento ou um verso de poema que tem significado especial para você!

AMC: Por fim, penso que o mais importante é ter fé, e que Deus não pode faltar jamais em nossas vidas!

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