O talento indiscutível de William Miranda, 21 anos, contrasta com a vida simples que ele leva junto de sua família, no Centro de Guabiruba. Na casa de tijolos amostra, reside o jovem artista, sua mãe, Dilair Miranda, e seu esposo Márcio Beuting. A mãe de Willian é costureira e desde muito cedo aprendeu que dar asas ao filho é a melhor opção, mesmo com seu coração cheio de receios. “William não tem medo. Na verdade, eu sinto mais medo do que ele. Mas desde cedo tive que aprender a soltá-lo e fazer com que ele fosse independente e hoje ele é totalmente”, ressalta Dilair.
William nasceu com uma deficiência visual que lhe impede de enxergar, devido a isso seu contato com música e som foi desde muito cedo. A mãe foi orientada a estimular a audição do ainda bebê, embora William lembre o primeiro contato com música entre os três e quatro anos de idade.
“Ele ganhou um teclado de brinquedo, que cantava musiquinhas infantis, ele ouvia aquilo sem parar. Em dado momento eu observei que Willian estava tocando o teclado de brinquedo sozinho. Chamei meu vizinho, o Valci [Santos Reis] para constatar o que eu estava vendo. Ele ficou surpreso e pediu ao seu irmão, que presenteasse o Willian com um teclado de verdade”, conta Dilair.
William completa a história da mãe. “A partir desse momento eu recordo do meu primeiro contato com a música. Era um teclado simples, mas com ele eu comecei a desenvolver minhas habilidades e a treinar ainda mais meu ouvido para a música”, salienta.
A técnica musical foi desenvolvida aos 11 anos de idade, com o professor Luís Fernando Machado, mesmo período em que William começou a tocar piano na igreja da qual frequentava. Além de piano, William toca bateria e violão. “Meu professor morava próximo, então a gente ensaiava em sua casa e minha técnica se desenvolveu muito com a igreja também”, relembra William. As aulas duraram três anos foram suficiente para que o jovem desenvolvesse sua técnica.
O talento se tornou cada vez mais evidente e aos 18 anos William começou a tocar profissionalmente, principalmente em casamentos, eventos em geral e cerimônias na igreja, além da Orquestra Municipal. O primeiro ritmo que apaixonou o jovem artista foi o rock. “O rock foi minha primeira paixão, mas depois que comecei a estudar fui apresentado ao jazz e blues, de primeiro não gostei muito, mas quanto mais estudava e conhecia as referências mais me apaixonei”, explica William.
Voos maiores
A sede por aprender e conhecer ainda mais as diferentes formas de expressões no universo musical, faz William sonhar em iniciar no próximo ano o Conservatório, que seria uma faculdade para músicos, com duração de três anos em Itajaí. “Minha primeira conversa com a instituição seria na questão de acessibilidade. Como eles iriam lidar comigo caso eu estudasse lá. Outra questão são os materiais necessários e tudo mais”, ressalta.
Hoje, William se encontra em um momento de redefinição de estilos e gostos musicais. A fase do rock passou e ele procura entender em qual gênero quer apostar e se dedicar. “Talvez seja esse um dos motivos que fez eu me afastar da igreja e até um pouco da orquestra. Certa vez fui num evento e me peguei tocando coisas que eu não gosto de tocar. Não há sentido para mim nisso, sabe? Por isso que quero me redefinir e entender no que eu quero me aprofundar mais”, explica.
Quando questionado sobre o que espera do futuro, William é simples e brincalhão. “Quero ter 21 anos e entrar para o conservatório. Deus sabe de todas as coisas. O que eu desejo do futuro é isso: aprender mais, me aprofundar mais no mundo música e esperar as oportunidades que irão surgir com isso”.
Obstáculo: Acessibilidade
Por meio das histórias de William, complementadas por sua mãe, é possível constatar que a maior dificuldade do jovem não está em aprender o que lhe é apresentado, depender de ajudas de terceiros, tampouco a cegueira. O maior obstáculo sempre foi a ausência de acessibilidade. Nas escolas, nas igrejas, nos ambientes onde ele se apresentava e em diversos outros locais.
“Minha maior dificuldade sempre foi a acessibilidade, sabe? Na época da escola era muito difícil, hoje meu celular me ajuda muito, mas eu só fui tê-lo depois de adulto. Então, a acessibilidade é uma questão importante para que eu continue meus planos e projetos”, afirma William.
A superação veio através da paixão pela música. “Houve muitos momentos, quando eu era pequeno, em que eu estava brincando com algumas crianças e eu simplesmente parava apenas para reproduzir algum som. A música sempre foi o que me fez vibrar e me colocar de pé. É minha motivação, meu combustível para continuar”, afirma.
Contato
William se apresenta em eventos e os interessados em contratá-lo podem fazê-lo pelo WhatsApp (47) 99781-6177 ou pelas redes sociais pesquisando William Miranda no Facebook ou no Instagram: @william_mirandda.
Por: Grazielle Guimarães / jornalismo@guabirubazeitung.com.br