Crédito: Grazielle Guimarães

Por: Grazielle Guimarães

Atividades voluntárias sempre estiveram presentes na vida de Ana Helena Fischer Corrêa, 52 anos, mas foi na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) onde ela se apaixonou pela causa, mesmo receosa inicialmente com as responsabilidades que o cargo de tesoureira implicaria. Porém, isso só fez com que Ana desse um passo além e encarasse o desafio de ser presidente da instituição, caminhando agora para a reeleição.

A moradora do bairro Lageado Baixo é filha de Rocco Fischer e Maria Eva Fischer, família de dez irmãos. É viúva há 15 anos de Roberto Corrêa e não tem filhos biológicos. Porém, nutre um carinho de mãe pelos mais de cem estudantes que frequentam a Apae Guabiruba. 

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Guabiruba Zeitung: Como começou sua história com a Apae de Guabiruba?

Ana Correa: Não lembro como exatamente tudo aconteceu, mas eu tinha pouco contato com a instituição antes de iniciar meus trabalhos como voluntária. Também não sei descrever como ocorreu o convite para ser tesoureira da Apae. De início fiquei insegura, porque eu tinha pouco tempo disponível e já era envolvida no grupo de idosos no bairro, além de ser da diretoria da Associação Hospitalar, apesar de participar pouco devido a falta de tempo.

Mas encarei o desafio, atuando por dois anos como tesoureira e agora estou terminando meu mandato como presidente da Apae, caminhando para a reeleição, sendo ao todo cinco anos de atuação na instituição.

GZ:Como foram os primeiros anos de atuação junto à instituição?

AC: Iniciei as atividades de maneira muito leiga, aprendendo com as pessoas que já atuam lá e muito motivada pelas pessoas que trabalham ou estudam na Apae, vendo que de alguma forma eu tinha como contribuir, tendo algo para melhorar o dia a dia dos alunos. Eu me via na Apae apenas por um período, atuando por pouco tempo e nisso já estou há cinco anos, caminhando para a reeleição do segundo mandato como presidente.

Estando na Apae e vendo as coisas fluindo, tudo caminhando, isso motiva a dar continuidade aos trabalhos, sempre tentando melhorar. Nossa equipe é muito boa de se trabalhar, isso faz com que as coisas fluem muito melhor, motivando a continuação do nosso trabalho. 

GZ: E como você se sente hoje, passando esses cinco anos de trabalho na Apae?

AC: Uma frase que aprendi nesse período em que estou na Apae e levo para minha vida é: quando vamos pedir algo para uma pessoa, temos que pedir para quem não tem tempo. Pois quem tem tempo dificilmente vai contribuir, já quem não tem tempo sempre dá um jeito. 

Se eu falar que é fácil, estaria mentindo, mas é muito gratificante. Eu acho que  todos nós seres humanos deveríamos avaliar o pouco que temos para contribuir pro bem estar de alguém. Há muitos anos atuo como voluntária em diversas instituições, com idosos e tem sido muito bom atuar na Apae. 

GZ: Quais os próximos planos e objetivos da Apae?

AC: Um dos nossos grandes objetivos é finalizar o ginásio. Quando finalizarmos esta obra daremos maior qualidade de vida aos alunos, que terão espaço adequado para realizar suas atividades esportivas, o que hoje não temos. Muitas vezes para treinar ou fazer qualquer outra atividade esportiva eles precisam se deslocar da escola.

Nós poderemos também locar o ginásio, quando não estiver sendo usado por nossos alunos. Com isso uma renda maior vai entrar na instituição e nós poderemos manter toda a estrutura e reinvestir esses valores. 

Hoje, nós temos a piscina, que os alunos usam gratuitamente e nós locamos para a comunidade e com isso mantemos alguns gastos fixos como energia, entre outros. Estamos finalizando o ginásio, falta apenas o piso e arquibancadas bem como as proteções dos vidros. 

 GZ: Qual o seu maior sonho hoje?

AC: Acho que a aposentadoria (risos). Não que eu não pense em mim, mas não parei para pensar nisso. O trabalho voluntário não pode ser feito como uma carga e sim visto como algo que te faz bem. Para mim, o trabalho que desenvolvo hoje me faz um bem imensurável. É muito raro o dia em que eu não vou na Apae, porque ou tenho algo para fazer na instituição ou vou para ver e conversar com as pessoas. É como se lá fosse minha segunda casa.

O carinho dos alunos conosco não tem preço. Um abraço, uma fala ou brincadeiras, estas coisas o dinheiro não compra, não tem preço realmente. Hoje não me vejo longe da Apae. Isso me faz ter ainda mais vontade em buscar uma maior qualidade de vida para os alunos. 

Uma coisa que está muito viva em minha memória é quando conquistamos a Doblô e demos uma voltinha com os alunos. O orgulho e felicidade que eles sentiram, cada conquista nossa é compartilhada com os alunos e multiplicada inúmeras vezes mais. 

GZ: Viúva há 15 anos, como foi o início da vida a dois?

AC: Quando nos casamos nossa padaria era alugada. Tínhamos um plano de primeiro construir a casa, depois o mercado, enfim, estruturar nossa vida. Construímos a casa, tanto que não morávamos nem um ano aqui quando o Roberto faleceu de acidente e o terreno do supermercado era alugado.

Passamos algumas dificuldades, pois outro homem comprou o terreno do lado para fazer um mercado, mas com o passar do tempo criamos uma amizade com esse senhor e ele acabou se desfazendo do negócio e nos ofertou o terreno, e foi ou compra ou não compra. 

Pegamos um dinheiro emprestado, compramos o terreno e fomos pagando aos poucos. Muitas vezes você tem um plano e Deus tem outro. Eu lembro que já estava tudo certo, nós tínhamos pago o terreno e aumentado um pouco a padaria.

Em outubro tínhamos a última parcela para pagar, e meu marido me disse para pagarmos tudo naquele mês, para no mês que vem ficar mais folgado. Nós pagamos e no dia 1° de novembro ele faleceu (Ana se emociona).

Sempre me emociono ao falar dele, mas me considero uma pessoa muito feliz, mesmo perdendo a pessoa que eu mais amei. Sou uma pessoa muito abençoada e muito feliz, porque apesar disso, temos que procurar outras formas de ser feliz. Eu tenho uma família, amigos, então guardo as boas memórias no coração.

Deus me presenteou muito colocando muitas coisas boas em minha vida, me dando tantas oportunidades de ajudar as pessoas. 

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