Por: Grazielle Guimarães
O Guabiruba Zeitung chega a sua última edição da série de entrevistas com os parlamentares guabirubenses com Waldemiro Dalbosco, de 53 anos, que está em seu segundo mandato e atualmente é líder do governo na Câmara.
Apesar de ser apontado por colegas como o próximo candidato ao Executivo, o parlamentar toma uma posição neutra e defende a função de gestão pública e não apenas partidária para o município.
Filho de Maximiliano Dalbosco e Cecília Celva Dalbosco, é casado com Stela Inês Kohler Dalbosco com quem tem uma filha, Katrini. Waldemiro é formado em Ciências Contábeis pela Univali e além de vereador, administra um escritório de contabilidade e a empresa Autoclave Guabiruba.
Guabiruba Zeitung: Como iniciou a trajetória do Waldemiro político?
Waldemiro Dalbosco: Desde 2004, mesmo não estando filiado a nenhum partido político, eu dificilmente deixava de assistir a uma sessão da Câmara de Vereadores, pois entendo que se você quiser ter direito à elogiar ou criticar você tem que participar e foi isso que eu fiz.
Ao mesmo tempo comecei a participar de ações associativistas como o Núcleo de Empresários de Guabiruba, sendo coordenador da ACIBr por dois anos. Desenvolvia atividades no CPC [Conselho Pastoral da Comunidade], também atuei na produção do memorial Ítalo Guabirubense, no bairro Lageado Alto, e daí como já estava muito envolvido com a comunidade e por esse acompanhamento do Legislativo, senti que também deveria dar minha parcela de contribuição e foi o que eu fiz.
GZ: Em muitas discussões com o embate entre questões ambientais e desenvolvimento econômico sua postura, na maioria das vezes, é à favor da economia. Por quê?
WD: Entendo que é possível aliar os dois setores: desenvolvimento econômico e meio ambiente, mas não podemos ser tão xiitas ou radicais de só olharmos para o lado do meio ambiente, afinal, a cidade precisa de progresso, de desenvolvimento, as pessoas precisam de empregos e oportunidades.
Pela nossa grande preservação ambiental, afinal de contas Guabiruba é uma das seis cidades que mais tem o seu território preservado, e pela nossa geografia, muitas vezes há esse conflito, mas entendo que é perfeitamente possível continuarmos crescendo e nos desenvolvendo e preservando.
GZ: Que avaliação você faz da atuação da oposição junto à Câmara e até ao Executivo?
WD: Eu vejo como tranquila. A oposição cumpre o seu papel. Às vezes a gente tem embates entre governo e oposição, mas faz parte da democracia e do processo do Legislativo e isso é importante para a Câmara e para a comunidade, porque se você só tiver uma opinião ou um pensamento tudo fica meio monótono. É importante que haja essa discussão sempre pautada na boa convivência, sendo essas discussões apenas nas ideias.
GZ: E que avaliação você faz da gestão Matias e Zirke?
WD: Está no caminho certo. Muitas mudanças de modelo de administração foram implementadas nessas duas gestões, isso com a ajuda do Legislativo e muito por iniciativa do Executivo. O projeto de pavimentação de ruas em parceria, a não denominação de ruas sem que toda infraestrutura esteja completa, enfim, uma série de mudanças de modelos de gestão que estão permeando muito bem.
GZ: Você pretende se candidatar ao Legislativo ou Executivo no ano que vem?
WD: Eu entendo que o Poder Legislativo é importante, tem suas limitações e muitas vezes a comunidade não entende isso. Já dei a minha parcela de contribuição à Câmara. Foram dois mandatos, um deles inclusive como presidente da Casa no período de dois anos. Defendo a renovação e certamente não estarei na disputa por vagas no Legislativo no próximo ano.
Quanto a outra pergunta, eu entendo que uma candidatura a prefeito não pode ser algo individual, um desejo próprio ou sonho pessoal, como se fosse um desejo de consumo igualado a comprar um carro ou uma casa ou qualquer coisa nesse sentido. Uma candidatura, para ser viável, precisa acima de tudo ter o município em primeiro lugar, precisa ser capaz de construir um projeto de administração que envolva toda a sociedade civil organizada.
Cada vez mais nós teremos a necessidade, se quisermos ter cidades bem sucedidas, de substituir o perfil do prefeito meramente político para o perfil do prefeito gestor. Aquele capaz de gerir os limitados recursos e atender a demanda pelos serviços públicos que cada vez mais está crescente. Então, precisamos averiguar nas próximas eleições esta questão. Vou defender e apoiar candidaturas que tenham este perfil de gestão pública. Sabemos que esta função é muito complexa e envolve orçamentos, lei de responsabilidade fiscal, regra de ouro, Ministério Público e por isso se faz necessário ter um gestor público, que faça realmente gestão e não meramente política.
GZ: Você se sente apto para desenvolver a função de gestor público de Guabiruba?
WD: Não tenho pretenção, tenho preparação. Acho que muitas pessoas têm esse perfil de gestor, no entanto, sabemos que nem sempre esses perfis para gestão são candidaturas viáveis, por diversos motivos. Circunstâncias internas dos partidos, necessidade de coligações, populismo, enfim, uma série de coisas que muitas vezes inviabilizam estas candidaturas, o que é uma pena, pois a cidade perde com isso.
GZ: Analisando sua trajetória política e pessoal, você mudaria algo?
WD: Eu nasci no bairro Lageado Alto, minha vida tinha tudo para dar errado, mas um fato mudou a minha trajetória. Estudei numa escola primária onde era uma sala de aula para as quatro séries juntas e quando terminei, queria continuar estudando. Na época se falava em cursar o ginásio que ia da 5ª à 8ª série. Como só tinha o João Boos e eu morava no Lageado Alto não tinha a possibilidade de fazer.
Então um senhor, chamado Ivo Schweigert (in memoriam) disse que iria achar uma casa para eu alugar no Centro da cidade e poder estudar. No primeiro ano eu fiquei na casa do Sr. Donísio Kohler e seus familiares e nos três anos seguintes fiquei na casa do Sr. Marcelino Kohler, na época costumava se dizer “lá nos Imhof”.
Essas pessoas não são meus parentes, até então nunca tinha às vistos na vida e, no entanto, elas me receberam em suas casas, me acolheram e até hoje me consideram um filho ou um irmão e eu só tenho duas palavras para dizer a estas pessoas: eterna gratidão.
Daí para frente fui trilhando o caminho da vida baseado nisso, sempre o que eu fiz deu certo e não mudaria nada. Continuaria fazendo o que eu fiz, tanto na vida privada quanto na vida pública.
GZ: Como você deseja estar daqui dez anos?
WD: Desejo ser a pessoa que continua empreendendo e criando empregos, se possível ter mais tempo para participar ainda mais das atividades associativas. Temos uma infinidade de entidades e associações que precisam do voluntariado e da ajuda das pessoas, por isso, pretendo continuar desenvolvendo essas atividades e essa doação no sentido da presença, da colaboração nessas entidades, nas mais variadas que for possível participar.