Por: Grazielle Guimarães

Por: Grazielle Guimarães

Calmo, porém, firme. Weverton Martins Brandão, 32 anos, transita entre as duas maneiras de ser no desenvolvimento das atividades de comando do 1° Grupamento de Polícia Militar de Guabiruba. 

Filho de José Brandão Sobrinho e Mírian Martins Brandão, o 2° Sargento é casado com Elizana Pereira Brandão, com quem tem dois filhos, um menino de apenas cinco meses e uma menina de três anos.

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Weverton nasceu em Vitória da Conquista (ES), mas veio com seus pais e quatro irmãos para Santa Catarina com sete meses. Apesar de ter o título de Bacharel em Teologia e se declarar evangélico, o sargento afirma não pensar em trilhar caminho como líder religioso. 

Com 14 anos de carreira militar, hoje, Brandão cursa Direito e está focado em desenvolver suas atividades no comando da Polícia Militar guabirubense, que contempla 13 policiais. O sargento divide a função com mais dois colegas; 3º Sargento Genésio Fernandes, que cuida do administrativo e 3º Sargento Nelmo Pedro Rosa dos Santos, que coordena o operacional.

Guabiruba Zeitung: Quem é Weverton Brandão?

Weverton Brandão: Eu sou um cara calmo, tranquilo, até certo ponto, quando necessário eu sou uma pessoa firme. Tenho muitas perspectivas de concluir alguns objetivos que tenho em mente, dentro do que aprendi na Polícia Militar ao longo desses anos, que já vai completar 14 anos que eu tenho de carreira. Simplificando, é isso. 

GZ: O que lhe inspirou a ser policial militar?

WB: Quando eu estava na Marinha um dos meus colegas era filho de sargento e ele nos incentivou a fazer a prova da Polícia Militar. Eu fui o último que decidiu fazer a prova, os outros não passaram e eu fui classificado. Sigo firme na carreira até hoje.

GZ: Já passou pela sua cabeça desistir de ser policial?

WB: A um tempo atrás sim. No início da minha carreira tinham muitos desafios e cogitei a possibilidade. Hoje não mais.

GZ: Qual o maior desafio em ser policial militar aqui na região?

WB: Desde que iniciamos os trabalhos aqui em Guabiruba, com o acréscimo de efetivo, nós conseguimos reduzir consideravelmente os números estatísticos de violência. Nosso maior desafio agora é manter estes números. 

Baixar mais do que está hoje é praticamente impossível, até meio improvável. Mas manter nessa linha é um grande desafio. Na medida em que a cidade cresce, a expectativa é que os números de ocorrências aumentem e é aí que está nosso desafio: manter os números atuais.

GZ: Que ocorrência mais marcou a sua vida?

WB: Foi o suicídio do nosso colega, o sargento Borges. Eu estava em serviço, nos deslocamos até a casa dele e fomos a primeira guarnição a chegar. Ele trabalhou um tempo com a gente. Quando o fato ocorreu ele já estava aposentado. Aquela cena vai ser difícil esquecer. 

GZ: Qual seu maior desafio profissional? 

WB: Quando eu cheguei em Guabiruba eu procurei melhorar muitas coisas. A primeira preocupação foi em relação a efetivo e a equipamento. Em termos de efetivo, fomos parcialmente atendidos e quanto aos equipamentos cabe a nós procurarmos meios de proporcionar ao policial formas dele desenvolver seu trabalho da maneira mais segura possível.

Essa é uma das minhas principais funções: proporcionar os materiais necessários para que o policial desenvolva seu trabalho. Focando nisso, nós sempre renovamos o fardamento, equipamentos pessoais que são coletes, cintos, capas táticas, entre outros. Além da aquisição de viaturas, através de parceria com o empresariado local. A gente foi de porta em porta com o aval da AciBr [Associação Empresarial de Brusque] e conseguimos captar mais recursos para as duas viaturas SUV, que são maiores.

Nosso próximo objetivo é migrar para a sede própria, que será onde está a Casan agora. A Prefeitura ainda não conseguiu efetivar essa situação, devido um entrave jurídico, mas esse é o nosso maior objetivo atual.

Ter nossa própria sede vai fazer muita diferença no engajamento da Policial Militar. Nós vamos manter a mesma entrada e nosso objetivo é quebrar o muro atual, mantendo a união entre a Polícia Militar e a Civil, mas com prédios separados.

Nós pretendemos adquirir novas viaturas para substituir as duas velhas que ainda temos, além de comprar mais armamentos longos.

GZ: Quais são as principais ocorrências de Guabiruba?

WB: Acidente de trânsito, seja ele com vítima ou não. A perturbação do sossego tem se tornado frequente ultimamente, cresceu nos últimos anos, o que exige da Polícia Militar o início dos processos de recolhimento de equipamentos. Antes não havia necessidade, mas hoje nós já fazemos isso.

Uma das mais preocupantes, embora não sejam tão frequentes, são as chamadas enquadradas na lei Maria da Penha. A gente ainda não tem policiais femininos para lidar diretamente com essa situação, mas ao longo deste ano estamos com uma atenção maior e vamos cada vez mais aumentar a fiscalização em cima desses termos, principalmente nos casos que já ocorreram. Com as medidas protetivas, que o Judiciário nos encaminha, intensificamos as fiscalizações desses casos.

Outra modalidade diferente de policiamento que nós incluímos quando chegamos aqui foi o policiamento escolar. É o nosso cartão de visita. Hoje, nós temos um policial focado nessas atividades, o Cabo Alessandro de Carvalho Urach, que desenvolve outras atividades, mas o foco dele são as visitas escolares, que têm dado muito retorno.

Antes as visitas eram esporádicas por viaturas de plantão, mas eram aquelas visitas ostensivas. Hoje não, o Cabo Urach vai até a escola, procura saber e entender o que está acontecendo. Já no primeiro ano criamos uma rede de proteção e um convívio nos educandários. 

Quando o cabo chega é reconhecido por todos. Ele já foi conselheiro tutelar então está por dentro da legislação. É a pessoa certa no lugar certo e isso tem refletido de forma positiva na parceria com a Secretaria de Educação.

Hoje, é inconcebível trabalhar sem o policiamento escolar. Aqui no município focamos na disciplina, civismo e respeito dos alunos para com as autoridades, entre elas professores e diretoria da escola. Atendemos também os pequenos delitos que ocorrem, encaminhando os casos aos órgãos competentes. Nosso trabalho não é apenas desenvolver a conscientização como também a segurança nas escolas. 

Depois do caso de Suzano [Escola Profº Raul Brasil, de Mogi das Cruzes (SP), onde um estudante e um ex-aluno da escola, dispararam contra as pessoas presentes no educandário, resultando em oito mortes], teve um aluno que colocou nas redes sociais a intenção de cometer ações parecidas aqui na cidade. Nós conversamos bastante com o estudante, isso envolve segurança, pois muitos pais ficaram com medo de levar os filhos a aula. 

Intensificamos nosso trabalho, damos segurança aos pais e as aulas ocorreram normalmente. Foi uma situação preventiva, mas o policial não vai se eximir de atuar em qualquer ato infracional dos estudantes.

Outra conquista que vale ser ressaltada é a cessão da sala do portal turístico, para implementação de uma base operacional, a qual usamos no policiamento diário e em operações aleatórias. 

GZ: Há outras expectativas da Polícia Militar para esse ano?

WB: Nós teremos o curso de soldados, esperamos reforços para trabalhar com maior flexibilidade. Além da transferência da nova sede, que teremos o desafio de reformar e adaptar o prédio para uma unidade militar. É uma estrutura já existente, mas precisaremos de algumas adaptações para a instalação do local.

GZ: E na vida pessoal, quais os planos?

WB: Meu foco é concluir meus estudos. Hoje, eu faço Direito e estou no meio do curso de aperfeiçoamento de sargentos, um pré requisito para a promoção a 1° Sargento. Além disso, meu foco é me aperfeiçoar nas funções que eu desenvolvo, estudar e me especializar na minha função dentro da técnica. 

Eu não gosto do método “tentativa e erro”. Prefiro me embasar em dados, conferindo no que as ações vão resultar realmente, para só então agir. Não tem nenhuma coisa que começamos aqui e deu errado. As coisas têm que ser práticas, nada pode ser muito burocrático no dia a dia de um policial militar. Nossa atividade fim é prática. Tem que dar resultado lá na rua. 

Não adianta eu fazer uma coisa muito burocrática aqui dentro que não dê resultado no dia a dia. Com pouco, nós fazemos muito. Eu me renovo e trago novas ideias, mas de forma embasada.

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