Como professora de História, eu não poderia deixar de fazer essa análise: os primeiros casos surgiram na China. Em pouco tempo a doença chegou na Europa através de caravanas de comerciantes vindos do Oriente. Era uma doença nova e mortal, que espalhou o pânico em todo o mundo conhecido pelo homem dito civilizado. Sua causa era desconhecida.
Num mundo que estava sob o domínio da religião atribuíram seu aparecimento à falta de fé e aos pecados cometidos. Cidades foram isoladas e viajantes eram proibidos de entrar nos povoados. As ruas, as cidades, os campos e as estradas ficaram vazias. O número de mortos atingiu assustadores índices. Os mais ricos morriam em menor quantidade enquanto a população pobre era sucumbida.
Não faço referência ao Covid-19, mas sim a doença causada pela bactéria Yersinia pestis, mais conhecida como Peste Negra, no século XIV. Talvez essa tenha sido a primeira pandemia de que se tem conhecimento na história. Depois dela, a Europa não seria mais a mesma. As elites tornariam-se cada vez mais sombrias. Os portões se fechariam para os visitantes que passariam a ser vistos como inimigos. O isolamento tornaria-se cada vez maior e cresceria o sentimento de xenofobia. Ninguém seria bem-vindo e todos seriam suspeitos de carregar a peste.
Nos anos que se seguiram, os europeus viveriam assolados pelo medo e por uma só pergunta: quando ela vai voltar?
São 700 anos que separam a sociedade de hoje do homem medieval que viveu a Peste Negra. Mais uma vez precisaremos do exemplo do passado para não cometermos os mesmos erros e alimentarmos o ódio e o racismo contra o próximo quando virarmos essa página.