Após lançar o livro sobre o Hospital Azambuja intitulado História da Santa Casa de Misericórdia e Hospital de Azambuja, o padre guabirubense Eder Claudio Celva concluiu neste mês mais uma obra: O Santuário Nossa Senhora de Azambuja, o qual contém 280 páginas divididas em cinco capítulos.
Quanto mais o tempo passar, mais o santuário de Azambuja há de ser redescoberto, afirma o padre Eder. “A sua vocação para as massas já passou, ele terá que ser uma tenda para passantes, os peregrinos, os paroquianos, os brusquenses, e todos os que silenciosamente, e até anonimamente, gostam de sentir a sua sombra fresca nos estios da vida, o seu calor, nos rigores invernais dos momentos, ou suas primaveras nos cotidianos do comparecimento”, diz.
O livro estará à venda em algumas livrarias de Brusque, inclusive em Azambuja, na loja de artigos religiosos e na secretaria da paróquia.
História para o hoje
Quem assina o preâmbulo do livro é o historiador, escritor e professor aposentado Valter Manoel Gomes. Ele declara que gosta muito quando Pe. Celva diz que faz História para o hoje, para o presente e não para o passado. “Os livros de História devem efetivamente ser escritos para os vivos e não para estantes inertes. É então que presta um grande serviço público: o Santuário é símbolo, é oficina, é magistério, é sacerdócio para a formação do povo (que nunca deve ser confundido com população, com habitantes)”, declara.
Gomes afirma que o autor concebeu a história do Santuário de Azambuja no interior dos seus conhecimentos de pesquisador metódico. “É obra de quem sabe que História não é uma simples coleta de dados e arrumação cronológica dos documentos de um pacote, mas sim uma interpretação inteligente dos dados recolhidos e a maioria deles produzidos pelo próprio pesquisador. Percebo um apurado senso crítico já distanciado da prática daqueles historiadores perdidos num trabalho de tentar o resgate da realidade objetiva passada”, pontua.
Conforme Gomes, o leitor desta obra é convidado a exercitar a sua criticidade, a explicitar uma argumentação, a criar conceitos, a experienciar a problemática da produção de uma obra historiográfica, afastando-se das tradicionais descrições, sem reflexões inteligentes. É convidado a pensar e a tomar decisões diante de alternativas múltiplas. “Não se deve ter a ousadia de pesquisar totalidades: um ser humano tem muitas limitações. Os títulos dos trabalhos historiográficos (que são respostas) devem denunciar a pergunta que provocou a pesquisa. Como nasceu e se desenvolveu a cultura (a religiosidade é um dos aspectos culturais) do povo que frequenta o santuário de Azambuja? Qual o significado de cultura? É o processo social de produção e de consumo de bens? A religiosidade é um bem? O bem é a cara pública do amor? Participar de todas as fases do processo cultural é dever de todos? Inclusive dos mendigos, dos homens em situação de rua? Como será a nossa Brusque, se a população inteira mendigar? Teríamos que escrever sobre a Cultura da Mendicidade?”, provoca.
Outros questionamentos são feitos já no preâmbulo da obra. Mas eles são só o início de uma viagem histórica conduzida pelo padre Eder sobre o Santuário de Azambuja.
Sobre o escritor
Nascido em Guabiruba aos 25 de dezembro de 1987, padre Eder teve uma inclinação pela história local desde a infância. Em Guabiruba, é fundador do Memorial Ítalo-Guabirubense no bairro Lageado Alto. Na sua cidade esteve ainda na origem das seguintes instituições: ACIC, Grupo de Dança Italiana e Academia de Letras de Guabiruba. Em Brusque, foi vice diretor do Museu Arquidiocesano Dom Joaquim, membro da Editora da UNIFEBE e da Revista Vicente Só.
De 2016 a 2019 trabalhou em Azambuja como vigário Paroquial do Santuário e Formador do Seminário Menor Metropolitano Nossa Senhora de Lourdes. Atualmente é Pároco da Paróquia Santíssimo Sacramento de Itajaí. Com frequência escreve para o jornal Guabiruba Zeitung como colunista.
Segundo Celva, a memória do que passou não é, e não poderá jamais ser algo estagnado, que somente se deteriora. Não poderá, inclusive, esgotar-se nos próprios fatos. “O passado, ao contrário do que comumente se pensa, não é “fechado”, pronto, mas “aberto” e inconcluso. Aqui podemos agir, colaborar, transformar… O ser humano, as suas instituições emergem a cada momento. O passado é para nós o que a raiz é para a árvore. A sua função é nutrir, fazer viver, empurrar para frente definindo a realidade. Entendendo melhor tudo o que por aqui se fez, pode-se colocar nossos dons a serviço: agora chegou a nossa vez!”.
BOX
Livros escritos por padre Eder Claudio Celva:
- Imigração Italiana em Guabiruba (2008)
- História da Igreja Católica em Guabiruba (2013)
- Monsenhor Augusto Zucco, Centenário de Nascimento (2015)
- Pensares Cotidianos (2015)
- Cultura e Religiosidade de um Povo (2016)
- O Cotidiano de uma Vida – Frei Pascoal (2017)
- Devocionário Vale da Graças (compilação – 2017)
- Padre Guilherme Kleine, Amigo de Brusque (2018)
- Monsenhor Valentim Loch, um Padre da Igreja que Amou e Serviu (2018)
- História da Santa Casa de Misericórdia e Hospital de Azambuja (2019)
- O Santuário Nossa Senhora de Azambuja – Brusque SC (2020)