No último final de semana, 11 presidentes de países sul-americanos se reuniram em Brasília, visando retomar a cooperação entre suas nações. Entre estes, vieram Alberto Fernandez, da Argentina, e Nicolás Maduro, da Venezuela. Prato cheio para todo tipo de crítica e análise sobre fofocas e tudo o que é menos importante. 

No caso, claramente a ideia é evidenciar o protagonismo do Brasil na região porque, tirando Uruguai e Chile, os demais membros da cúpula têm pouco a contribuir. A presidente do Peru, por exemplo, não veio em função da profunda crise política por lá. Para se ter uma ideia, se tivesse vindo, poderia não estar mais no cargo quando voltasse. De qualquer forma, somos nós, a maior economia da região, nas proximidades dos Estados Unidos, liderando mais 10 países, o que inclui a Venezuela, com todos os seus problemas, mas que também tem uma das maiores reservas de petróleo no mundo. É óbvio que Lula falou mais do que deveria, se expondo a um desgaste desnecessário por defender o regime venezuelano, mas, de concreto mesmo, Maduro se comprometeu a retomar o pagamento da dívida com o Brasil. Pela situação deles, isso deve ser feito por meio do fornecimento de combustível e eletricidade venezuelanos, e como essa dívida era dada como perdida, a cúpula dos países sul-americanos já valeu a pena. 

No mais, quem trabalha em comércio sabe que não é necessário gostar do seu cliente, mas todos têm que ganhar dinheiro pra viver. 

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Um olha lá e outro aqui

O esforço de Lula por protagonismo internacional tem objetivos econômicos, mas seria apenas isso? Talvez a ideia seja “ter costas quentes” com grandes investidores que, em caso de uma crise como a que derrubou Dilma Rousseff, pressionariam para que ele se mantenha no poder? Hoje, um panorama como esse é algo impensável, mas “o seguro morreu de velho”, e só o presidente sabe o motivo de tanto pitaco em assuntos internacionais, como a invasão da Ucrânia. 

Enfim, apesar dos esforços, todo mundo tem apenas duas mãos e, embora seu apelido seja Lula, com ele não é diferente. Prova disso foram as recentes derrotas do governo na área ambiental e o perrengue para aprovar a reforma ministerial. Eis o dilema de um governo que se comprometeu com tantos para ser eleito: como equilibrar tantas pautas ao mesmo tempo? Quem dera se os problemas do mundo fossem simples de serem resolvidos como parece nos grupos do ZapZap, onde todo mundo pensa igual, não é?

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