Arquivo pessoal Ademir Bretzke

 

Na primeira edição, o Presépio Vivo de Guabiruba desfilou pela cidade a bordo do Santana de José Bretzke (79), morador do bairro Guabiruba Sul. Santana era o apelido do carro que, na verdade, era uma Rural adaptada. 

O sedan nacional de luxo da Volkswagen foi lançado em 1984 e quatro anos depois teve seu auge, com o renomado Santana 2000. Já a história da Rural é muito mais antiga. O utilitário chegou no Brasil na década de 1950, sendo que José comprou um modelo já usado e nas adaptações colocou um botijão de gás de cozinha como combustível. 

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“O pai quando cortou a Rural, colocou bancos mais confortáveis atrás e fez uma pick up, que depois ficou famosa na Guabiruba como Santana”, explica Ademir Bretzke, o At (57), que foi quem teve a ideia de decorar o carro da família e montar um presépio vivo com os amigos. 

Ah, está explicado, era uma rural tão confortável quanto um Santana. “Quaaase isso! Era um carro de trabalho, para buscar trato, ir para a roça, mas também para levar a gente para as festas. Teve uma vez que fomos para o Lageado Alto com umas 20 pessoas”, completa At, entre risos, sem saber bem como surgiu o apelido do carro. 

O aposentado, que foi o primeiro motorista do Presépio Vivo, conta que aprendeu a dirigir no Santana/Rural quando tinha apenas oito anos e quando fez 18 tirou carteira imediatamente. O pai colocava dois travesseiros para ele, ainda criança, alcançar os pedais. “Ele foi me ensinando e num instantinho aprendi a dirigir. Meu pai e minha mãe eram muito de festa de igreja aos domingos, aí eu pegava o Santana para jogar bola. Mas lá na festa já contavam pra eles”, diverte-se.  

At destaca que o Santana era famoso, porque estava sempre à disposição da comunidade, para auxiliar no que fosse preciso. “O pai comprou para trabalhar e também para ajudar todos que precisavam, Na época, estragava a TV lá de “não sei quem”, eu era “de menor”, mas dirigia para levar ao conserto. O pai deixava. Depois levava a pessoa para buscar. Eu ficava todo bobo, pois era novo e dirigia. E nunca se dizia não. Nós éramos pobres e eles um pouco mais. Era para ajudar mesmo”, recorda. 

“Até o falecido delegado, Godofredo Schaefer, andou no Santana comigo. Um dia estragou o carro dele e veio aqui. Eu falei que tinha dois problemas: eu era menor e o carro a gás. Ele disse: não tem problema!”, completa o aposentado. 

At diz que o Santana era pau para toda obra, em um tempo que poucos tinham automóvel e moto na cidade.  “Nós éramos catequistas e se tinha 30 crianças visitávamos as 30 nas casas, tudo de Santana. Teve uma vez que alguém colocou o pé em cima do cano do gás e o Santana ficou lá parado. Empurramos, empurramos e não ia. Aí o pai foi ver e era o cano do gás amassado”, recorda. 

O aposentado relata o arrependimento do pai de desmontar o Santana. “Ele sempre diz que foi o maior erro da vida dele. Se pudesse voltar no tempo jamais faria isso. Ficaram as histórias para contar e quem é daquela época na Guabiruba, lembra do Santana”. 

 

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