O escândalo envolvendo o INSS expõe, mais uma vez, a fragilidade de um sistema que deveria proteger quem mais precisa. O golpe descoberto pela PF e pela CGU desviou R$ 6,3 bilhões dos benefícios de aposentados e pensionistas, por meio de descontos indevidos e falsificação de assinaturas. O mais revoltante é que o TCU já havia alertado sobre o problema em 2023, e nada foi feito para impedir que o esquema continuasse.
Diante da gravidade do caso, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo e, em seguida, demitido por determinação do presidente Lula. Como resposta institucional, o governo busca recuperar parte do valor desviado e discute medidas para evitar novos abusos, entre elas a criação do SINACON, um sistema que pretende trazer mais transparência e controle sobre os descontos nos benefícios dos segurados.
No entanto, o INSS já enfrenta problemas crônicos: falta de servidores, filas intermináveis e um sistema defasado. Com esse rombo bilionário, a situação se agrava ainda mais, comprometendo a capacidade do órgão de manter serviços essenciais à população.
A impunidade também precisa ser enfrentada. Casos semelhantes se repetem com frequência, e raramente há responsabilização à altura do prejuízo causado. Muitas vezes, escândalos acabam abafados por acordos políticos ou resultam em penas simbólicas, o que alimenta a sensação de injustiça. Não é aceitável que esse episódio termine com um simples ajuste burocrático, enquanto os principais prejudicados continuam sendo os aposentados e pensionistas.
Outro ponto que exige atenção é a gestão do INSS. A indicação de profissionais técnicos, em vez de cargos distribuídos por interesses políticos, representa um passo fundamental para restaurar a confiança no órgão. Um sistema tão essencial para a proteção social do país não pode ser tratado como moeda de troca.
A reforma da Previdência aprovada durante o governo Temer foi apresentada como um sacrifício necessário para garantir a sustentabilidade do sistema. No entanto, a descoberta desse esquema revela o tamanho do descaso na fiscalização e no combate à corrupção. Se o INSS é de fato um dos pilares da seguridade social, precisa ser fortalecido com seriedade, blindado contra interesses obscuros e conduzido com responsabilidade. A população brasileira já carrega um peso grande demais para continuar arcando com as falhas de um sistema que deveria acolhê-la.