No início da noite de terça-feira, 28 de setembro, Jorge Carminatti (59) percebeu que uma de suas vacas Nelore poderia criar. Mas como não aconteceu, ele separou a vaca das demais e foi para casa.
Quando retornou no dia seguinte pela manhã, ela ainda não tinha dado à luz. Então Jorge chamou o veterinário Beto Lageano, que disse que o bezerro poderia estar morto, já que tinha passado bastante tempo e ainda não havia nascido.
O veterinário fez o parto de um bezerro fêmea e quando foi retirar a “cria”, percebeu que havia outro. Surpresos, eles amarraram uma corda nas patas traseiras e puxaram, ajudando a vaca no nascimento do segundo bezerro, desta vez um macho. “Foi muito trabalho, e sorte que a vaca estava bem para fazer força”, comentou Jorge, que não sabia que a Nelore criaria gêmeos, já que a vaca não apresentava estrutura de gestação de dois animais.
O proprietário conta que os gêmeos não teriam nascido sem ajuda humana, estavam ao contrário e poderiam ter morrido. “O normal é nascer primeiro as patas dianteiras, depois a cabeça e o corpo”, conta.
Há quatro anos, Jorge perdeu o pai a quem ajudava na roça e com os afazeres da propriedade rural durante meio período, já que trabalhava com metalurgia. O pai de Jorge tinha vacas de leite, mas como havia bastante demanda de trabalho para fazer nata e queijinho, e a mãe dele já estava “com bastante idade”, Jorge resolveu investir em Nelore para criar bezerros. Hoje são 22 animais.
O nome dos pequenos gêmeos foi dado pela cuidadora da mãe de Jorge, eles se chamam Chico e Chiquinha.
O metalúrgico aposentado conta que os bezerros precisaram de ajuda para se alimentar nos primeiros dias, e ele os levantava para sugarem o leite da mãe com certo receio, pois a raça Nelore é conhecida por ser braba.
A mãe de Jorge, Cláudia Carminatti (95 anos), quando soube dos bezerros gêmeos também quis vê-los. Ao sentir o filho preocupado, disse que eles ficariam bem. Católicos, ele conta que viu a mãe fazer o sinal da cruz e suas orações e dizer para que ele ficasse tranquilo.
O criador de Nelore e sua mãe contam que não tem conhecimento nas propriedades vizinhas, nem no bairro Holstein, de nascimento de bezerros gêmeos, tão pouco sendo uma fêmea e um macho.
Saiba mais
De acordo com a Embrapa, não é comum o nascimento de mais de um filhote em um mesmo parto em bovinos. A incidência fica entre 0,3% e 0,9% ao ano em um rebanho. Sua ocorrência depende da fisiologia da fêmea, na qual um embrião pode se dividir originando gêmeos idênticos ou pode haver uma ovulação múltipla, forma mais comum com representatividade de cerca de 95% dos casos registrados.
Bezerros gêmeos normalmente nascem com baixo peso e precisam de maior atenção. Quando os filhotes são de sexos opostos, há, aproximadamente, 90% de chance da ocorrência de freemartismo, síndrome que leva a bezerra a ter um aparelho reprodutor atrofiado e a ser estéril.