Seja muito bem-vindo a esta nova coluna quinzenal do Jornal Guabiruba Zeitung. Coluna esta que objetiva trazer histórias de pessoas como a gente e por isso se chamará “Essência da nossa gente”. Uma leitura leve para acompanhar seu café, seu chá ou, quem sabe, até um vinho.
E como falaremos sobre a essência e a história da cidade de Guabiruba, não poderia estrear de forma diferente do que contando a essência de um contador de histórias. Também conhecido como Emiliano Daniel de Souza, guabirubense nato, que escolheu cultura como profissão e fraternidade como vocação, e talvez seja por isso que por onde passa transborda alegria e luz.
Emiliano frequentou o ensino médio na Escola de Educação Básica João Boos e iniciou uma formação em Engenharia Civil pela Furb, no entanto, cursados dois anos percebeu que não era o que desejava. Ao completar 19 anos surgiu a oportunidade de cuidar de crianças na Alemanha, aceitou a proposta como forma de pensar no que realmente desejava fazer. Após um ano, nova oportunidade para cuidar de uma criança com dificuldade de locomoção lhe fez permanecer por cinco anos na Inglaterra.
Neste período percebeu que seu gosto não mais contemplava exatas, mas sim, humanas. Ao retornar para o Brasil, em 2001, residiu em São Paulo e cursou Letras com enfoque em inglês pela Universidade Mackenzie. Ao concluir sua formação, retornou para Guabiruba e começou a lecionar numa escola de idiomas de Brusque. Concluiu também Mestrado pela Universidade Federal de Santa Catarina e especializou-se em contação de histórias e literatura infanto-juvenil.
Seu desejo de contar histórias surgiu na época que cursava Mestrado em Florianópolis, conta que participava de um grupo de senhoras contadoras de histórias e encantava-se com o entusiasmo delas. Desejava unir arte, música, teatro e literatura em suas contações, tornando-as lúdicas e interativas para todas as faixas etárias; demonstrar a importância do sorriso e da alegria na vida das pessoas.
Atualmente, Emiliano é contador de histórias, professor e coordenador de um projeto social (Jardim Cultural: onde a diversidade floresce) na Unifebe. Demonstra gratidão pelos projetos que realiza e reafirma que a alegria não está apenas no resultado de seus trabalhos, mas no processo que eles acontecem.
Quando pergunto qual a essência deste contador de histórias, declara: “a maioria das coisas não estão sob nosso controle. A leveza da vida depende somente de nós, por isso é preciso viver com serenidade, deixar-se levar pelo ritmo dela. Enxergar cores nos dias que o céu está nublado e contemplar a poesia da vida. Quando os momentos de turbulência chegarem, recolher-se, olhar para si, para nosso espiritual e vivê-lo com esperança”.
Por fim, ao solicitá-lo um conselho para a vida, assim declama: “a vida é um constante vai e vem. Uma pessoa pode esquecer tudo, mas jamais esquecerá a forma como foi tratada, portanto é preciso acolher com amor, ir ao encontro do outro, se compadecer dos sentimentos desse e viver a fraternidade, somos todos irmãos”.
Somos feitos de histórias, algumas das quais nós mesmos vivemos ou apenas foram recontadas de geração a geração. Quando ouvimos as histórias de alguém elas passam a ser nossas também e, para sempre ou por curto tempo, elas viverão dentro da gente.