Crédito: Grazielle Guimarães

Na semana em que Guabiruba completa 57 anos, você confere a história do prefeito da cidade, Matias Kohler, de 59 anos, filho de Érico e Olívia Wippel Kohler e pai de quatro rapazes e uma menina. Matias Kohler mostra abertamente quem foi, quem é, e o que ainda pretende conquistar.

Guabiruba Zeitung: Quem é Matias Kohler?

Matias Kohler: Nasci em 4 de novembro de 1959. Estudei inicialmente em Guabiruba, numa escola pública da Pomerânia, dando sequência no Colégio João Boos por dois anos. Em 1972 fui para o seminário de Corupá, começando os estudos para ser padre. Lá fiquei até 1975. Estudei em Curitiba, até maio de 1978, onde iniciei meu ensino médio até a década de 80. Em seguida, retornei a Guabiruba mudando de opinião sobre a carreira de sacerdote. Conclui o ensino médio no Colégio São Luiz e a partir daí comecei a desenvolver atividades em prol da comunidade. Atuei por mais de dois anos na APP da Escola Pomerânia e na direção da Igreja Matriz por mais de 10 anos. Casei na década de 80 com minha primeira esposa, Lucia Kohler, com quem tenho quatro filhos: Marcelo Luíz, Fernando, Rodrigo e Alexandre. Em 1992 fui convidado a participar da política. Naquele momento não concordava com o meio político-partidário, nem com o sistema, pois desde àquela época se ouvia muito o toma-lá-dá-cá, como “se você é do meu time, você é bom, se você não é do meu time, você não presta”. Em virtude da candidatura do meu primo, Jorge Luiz Kohler, candidato a vice-prefeito do Pedro Schmitt, eu aceitei o desafio da candidatura a vereador. Resumo da ópera: Pedro e meu primo não se elegeram e eu acabei vencendo a disputa eleitoral.

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Com um modelo de campanha inocente, porque eu não sabia quase nada, eu visitava as casas, mas não pedia voto. Depois das eleições muitas pessoas diziam, “eu ia votar, mas como você esteve lá em casa e não pediu voto eu achei que tinhas que chega e escolhi outro candidato”. Ali eu descobri que o candidato precisa pedir voto.

Fiz meu primeiro mandato de 1993 à 1996, e como perdemos a eleição para prefeito isso me tornou da oposição. Olhando para o passado, vejo que cometi equívocos, porque o grupo que até então tinha perdido, me fez de porta voz, e, neste aspecto, acabei atacando, muitas vezes até de forma agressiva, o prefeito Orides Kormann.

Mas cumpri o papel. Concluímos o mandato, e em 1996 não concorri à eleição, apesar da insistência de muita gente. No nosso grupo haviam várias pessoas que gostariam de ser candidatas, como Leopoldo Rieg, Bernadete Kormann e minha cunhada, Rosita Kohler. Se eu não concorresse, seriam candidatos, porém se eu entrasse na disputa, não seriam. Entendi que era hora de dar oportunidade. Os três se elegeram, então acredito que tomei uma decisão sábia neste aspecto.

Em 1996 fui convidado a assumir a direção da Câmara, permanecendo até 1999. Em 2000, o Guido [Antônio Kormann] me convidou para ser o secretário de Administração e Finanças. Cumpri a função até 2004. Em 2008, retornei às atividades políticas me candidatando a vereador, ano em que fui o mais votado.

Em 2012, fui candidato e ganhei a eleição para prefeito, garantindo a reeleição em 2016 e aqui estamos até hoje. Este é o Matias Kohler no campo político.

Na vida social, sempre trabalhei na Kohler Tinturaria, empresa da minha família. Meu pai e meus tios [Paulo e Alois] fundaram a empresa que completa 70 anos. Hoje a empresa está solidificada, mas na época passamos por situações difíceis, porém conseguimos vencer as dificuldades transformando a Kohler em uma grande empregadora do município.

Voltando ao lado pessoal, em 2001 acabei terminando meu primeiro casamento e comecei uma nova união com a Patrícia [Heiderscheidt] com quem tenho minha filha mais nova, Clara Maria.

GZ: Como foi enfrentar o acidente da explosão na Kohler?

MK: Em 17 de outubro de 1979 eu estava trabalhando no escritório da empresa, por volta das 14h. Neste momento, ocorreu um colapso na caldeira, por excesso de pressão. Eu e mais dois funcionários da tinturaria fomos atingidos, porém eu fui o que ficou em estado mais grave. A caldeira é literalmente um caldeirão com água fervente e o colapso se deu por uma ruptura na base e com isso toda aquela água quente me atingiu. Foi como pular em um caldeirão com água fervendo. Por mais estranho que pareça, nos primeiros 40 minutos eu não senti nada. No momento do acidente, fiquei completamente cego, mas consegui engatinhar até a rua e sentar na calçada de uma residência em frente à fábrica. Meu pai e meu tio me socorreram e me conduziram ao hospital. Quando eu estava na maca sendo conduzido para uma limpeza geral do corpo, coberto de fuligem sujeira que estava dentro da caldeira, comecei a sentir dor.

A única coisa que lembro é da enfermeira dizendo: “preciso cortar a sua roupa” e apaguei. Acordei quatro dias depois, passei por um tratamento de 28 dias no hospital e mais três meses de recuperação em casa, Em 1980 voltei às atividades normais.

GZ: Qual sua maior conquista?

MK: Ter sido útil para a comunidade. Este é o meu grande sentimento de conquista. Saber da responsabilidade no campo social, com as pessoas que nos rodeia e até com a empresa. E mais recentemente, no campo político. Esta é uma grande conquista e eu me considero vitorioso por ter tido a oportunidade de ser útil para a comunidade guabirubense.

GZ: Após o fim deste mandato você pretende seguir na política?

MK: Tive convites de entidades que estavam dispostas a pleitear uma candidatura a nível estadual. O convite me deixou honrado, mas eu entendo que a política precisa de um novo direcionamento. Por mais que tenha um chavão de que “todo político é igual” eu não entendo desta maneira. Não que eu queira me diferenciar, mas existem pessoas com uma mentalidade mais responsável e existe um grande grupo que acredita que o campo político é o campo da vantagem. Não concordo com isso, não concordo com o modelo partidário brasileiro, onde não há ideologia, não há bandeiras, mas há interesses.

Temos quase 40 partidos hoje organizados e isso não é maturidade política e não leva a bons resultados em lugar nenhum, por isso eu abdiquei das candidaturas. Então o Matias político a partir de 2021 vai dar uma pausa. Sairei da prefeitura com 61 anos se eu viver até lá, e dentro deste quadro a minha intenção é me dedicar à Kohler Tinturaria, trabalhar junto com meus primos e diretores a sucessão da empresa, no aspecto de organização. A Kohler para nós tem um valor muito grande, como construção familiar e queremos dar continuidade.

GZ: O que você acredita que ainda precisa conquistar?

MK: Nós não somos donos do nosso tempo, as coisas acontecem na medida em que nos é permitido. Eu acredito que as oportunidades nos aparecem à medida que nos colocamos à disposição. Dentro deste quadro, a minha vontade é continuar à disposição. Se houver algum momento eu que eu possa contribuir de uma forma mais intensa, tanto no âmbito familiar quanto na política guabirubense, eu espero continuar fazendo.

Mas eu não tenho ambições, não tenho nada pré definido em relação ao que vai ou não acontecer. Tudo que ocorreu na minha vida até agora é fruto dessa disponibilidade e eu espero continuar desta maneira. Nunca me furtei, nunca fugi, entendo que a vida é uma sequência de oportunidades e você tem que estar preparado para elas. Muitas pessoas se lamentam dizendo “para mim nada dá certo”, mas será que você vai estar pronto se der certo?

Isso não quer dizer que você tem que ter muito dinheiro ou muitos bens, você pode fazer da sua simplicidade um modelo daquilo que está próximo de você, tornando-se uma pessoa extremamente útil e participativa naquele momento. Este é o meu pensamento. O que a vida trouxer para mim eu certamente estarei pronto. Quero estar pronto.

GZ: Uma mensagem aos guabirubenses principalmente nesta semana de aniversário?

MK: Antes de tudo, gratidão. Gratidão pela oportunidade de estarmos todos no município, pela expressiva participação que a comunidade guabirubense tem tido dentro do governo, onde nós não somos donos, somos gestores. A mensagem que deixo é de otimismo, de confiança. Que a gente deixe de lado o aspecto negativo, porque ele contamina a todos. No início de 2015, quando todos falavam sobre a crise eu também me lamentei, até que em dado momento percebi que isso não ajudava em nada.

A medida que um líder, um gestor, começa a dizer que está difícil, que está ruim você acaba desanimando todas as pessoas ao seu redor. Então, eu mudei e entendi que precisava mostrar confiança de que é possível superar. Hoje eu sou um otimista em relação a Guabiruba e à potencialidade da nossa cidade. Você consegue em conjunto ultrapassar desafios. Então, aos guabirubenses, eu quero deixar esta mensagem de que se nós acreditarmos em nós mesmos, nós vamos fazer.

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