Foto: Vanessa Fagundes 

Na última segunda-feira (10), celebramos com alegria os 62 anos da nossa amada Guabiruba. Para tornar esta data ainda mais especial, dedicamos uma edição comemorativa para contar a história daqueles que fazem parte da alma da nossa comunidade: as pessoas que aqui vivem há décadas, e que testemunharam a transformação e o crescimento que nos trouxeram até aqui.

Durante a semana de aniversário, publicamos relatos emocionantes de cinco pessoas que representam a essência de Guabiruba. São histórias de gerações que viveram e trabalharam aqui, enfrentando desafios e celebrando conquistas. Através de suas memórias, pelo olhar da repórter Vanessa Fagundes, eles contam como era a vida em Guabiruba quando ainda “era tudo mato”.

 

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[Miriam Airoso] A mãe Guabiruba

“Aqui eu me criei, cresci, casei e vivo até hoje!” Nem mesmo as dificuldades de uma criança que nasceu na década de 1940, fazem Miriam Airoso, deixar os momentos ruins superarem as boas lembranças que a senhora de sorriso simpático tem de sua infância.
Criada à luzes de lampião, com pouca comida na mesa e de pés descalços, a moradora do bairro Lageado Baixo conta de forma carismática e com prazer as histórias do passado e a superação de todas elas.

Aos 78 anos, a guabirubense se recorda de como ela, junto aos pais e seus 11 irmãos, viviam em uma época em que o sustento da família vinha do pai, que ia para a mata atrás de cipó, para a produção e venda de balaios, e a comida por meio de plantações que a família realizava no quintal de casa.

“Naquela época não tinha mercado, aqui era tudo mato. Para que a gente conseguisse comer, às vezes, nós tínhamos uma galinha no terreiro para dar a carne, mas nem sempre. Já quando entrava dinheiro na família, que não era muito e não era algo que acontecia com frequência, a mãe mandava ir na venda na frente da igreja e comprar um pouco de café, trigo ou o que precisasse. Então como era difícil viver assim, plantávamos um pouco de aipim, de batata e também de taiá. Teve até uma vez que a minha mãe cozinhou o inhame e ralou para dar ao porco para depois lá na frente matar ele e ter a carne. Só que quando meus pais pensaram em dar pro porco comer, eu e meus irmãos já tínhamos comido, porque a gente tinha fome”, recordou ela, rindo da lembrança.

Apesar de árduos, os dias da infância e adolescência da senhora de olhos claros e de cabelos lisos, também trazem boas recordações a guabirubense. Ela relembra, com saudades, das amigas da juventude e dos momentos que passaram juntas. Hoje, mesmo podendo se locomover apenas com o apoio de um andador, Miriam diz ter boas lembranças e lamenta por não poder estar mais tão perto como gostaria.
“Nós éramos quatro meninas que fazíamos tudo juntas. Íamos brincar no mato, tomar banho no rio e ir pra domingueira. Então hoje em dia elas falam para os meus filhos me levarem lá que elas estão com saudades e querem conversar comigo. É difícil porque eu só posso sair com o meu andador, mas eles me levam e eu passo um tempão lá. Dessa parte eu tenho muita saudade de reviver”, afirmou emocionada.

Criada com os 11 irmãos no Lageado, a guabirubense manteve o legado e permaneceu no bairro onde se casou e teve oito filhos. Apaixonada pela cidade e pelo lugar onde mora, Miriam firmou suas raízes no local e passou isso aos filhos: dos oito, sete moram na cidade. A maioria, próximos dela, no mesmo bairro. Além disso, seus 23 netos e 22 bisnetos também foram todos criados em Guabiruba. O que é motivo de orgulho para a matriarca.
Prova desse amor pela cidade em que vive, foi o relato dado pela filha, Isolete Airoso. Recordando as histórias do passado junto da mãe, a filha de dona Miriam contou sobre o “cheiro de infância” que Guabiruba traz para ela.

“É engraçado relembrar como as coisas eram no passado. Antigamente, o pãozinho francês, que hoje podemos comprar a todo momento no mercado, nós só tínhamos acesso quando morávamos com o pai e com a mãe no sítio, aos sábados, na hora que o padeiro passava lá. E eu ainda sinto o cheiro daquele pão”, descreveu Isolete.

E foi recordando momentos como esses que mãe e filha reafirmaram a felicidade de morar e poder criar seus próprios filhos, de escreverem suas próprias histórias em um município como Guabiruba.

“Estamos muito felizes em poder continuar construindo nossa história neste município. A Guabiruba nos representa. Sempre digo que ela não é simplesmente uma cidade, ela é uma mãe! Ela fornece tudo o que você precisa, independente das administrações que têm. Ela deveria se chamar: a mãe Guabiruba!”, disse Isolete. “Aqui eu me criei, cresci, casei e vivo até hoje. Ela, para nós, é tudo!”, declarou Miriam, reafirmando as palavras de gratidão, a cidade, da filha.

 

Reportagem: Vanessa Fagundes 

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