Crédito: Grazielle Guimarães/ Guabiruba Zeitung

O filho apegado de Heinz Kormann cresceu e se tornou vereador, pela segunda vez consecutiva, de Guabiruba. Haliton Teodoro Kormann, 36 anos, fala com amor sobre a família, o pai que faleceu há quase cinco anos e a empresa Mc’Jo.

Casado com Rafaela Kormann, com quem tem a pequena Helena Kormann, de sete anos, o parlamentar faz parte da oposição, sendo o terceiro entrevistado da série com os vereadores guabirubenses.

Guabiruba Zeitung: Quem é Haliton Kormann?
Haliton Kormann: Eu sempre me inspirei no meu falecido pai, éramos muito parceiros. Comecei a trabalhar cedo na churrascaria [Schumacher] e desde pequeno aprendi a respeitar as pessoas, a formar meu caráter e valores. Muitos podem considerar trabalho infantil, mas comecei a trabalhar com dez anos de idade no restaurante Schuma e não me arrependo. Se fosse para voltar atrás, eu trabalharia com dez anos novamente. Comecei a ser responsável, guardar meu dinheiro.

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A partir do momento que minha filha nasceu minha vida mudou. Nunca me esqueço do que meu pai falou ainda na maternidade. Ele me abraçou, me deu um beijo e disse: “agora você vai saber o que é ter responsabilidade”. Naquele momento passou um filme na minha cabeça e eu entendi o que meu pai me dizia durante toda vida. Eu já era responsável, mas muita coisa mudou depois que minha filha nasceu.

GZ: O que você considera mais desafiador no trabalho como vereador?
HK: Hoje, da maneira que está nosso país, é complicado. Eu lembro de quando era criança, nós participavamos das apresentações da Fanfarra do João Boos, a gente parava em frente ao palanque onde estavam as autoridades, isso era motivo de orgulho pra mim. Apertar a mão de um vereador, conversar com ele, era um orgulho.

Hoje não é assim, o político não é mais motivo de orgulho. Antigamente era mais respeitado, hoje em dia não. Muitas pessoas nos apoiam, mas não são todos. Então buscamos, através do nosso trabalho, mostrar qual realmente é o papel do vereador e tentamos fazer o melhor para Guabiruba.

GZ: Como é ser um vereador de oposição?

HK: Eu nunca fui vereador de situação, só de oposição. Digo oposição por não estar no mesmo partido do prefeito. Porém, os projetos importantes nós aprovamos. Teve vereador do meu partido que votou à favor de determinada pauta e eu contra, porque não temos a obrigação de combinar voto. Cada um analisa o que é certo.

A gente trabalha para o município. Este ano, por exemplo, o prefeito fez um financiamento grande, aprovamos. Podíamos, por ser oposição, tentar embargar ou não aprovar, mas nós pensamos no que é melhor para a população.

Quando meu tio [Orides Kormann, ex-prefeito de Guabiruba] estava na prefeitura ele tentou aprovar um financiamento também e não conseguiu, mas foi a opinião deles [da oposição]. Mas eu não, se eu concordo que é algo bom eu vou aprovar e se tiver algo errado vou discordar.

Quando fui candidato a primeira vez todos me diziam: “ah você tem um padrinho bom, que é o seu tio”, eu discordei. Eu sou o Haliton. Não vou pedir apoio para depois ficar de cabresto amarrado com os outros. É a minha opinião. Temos que ouvir e pedir opinião, mas ter e manter a minha identidade.

Às vezes os vereadores da situação falam muito do passado. Todos os prefeitos erraram ou levaram a culpa. Mas agora as pessoas ficam falando do passado sempre. Falhas todo mundo e todo governo tem.

GZ: O que mais te marcou na política?
HK: Era para eu me candidatar a primeira vez em 2008. Mas aí começou um burburinho dos outros candidatos, questionando como o sobrinho do prefeito iria ser vereador e o Orides estava muito bem e muito forte na época. Infelizmente meu falecido dindinho [Haroldo Kormann], que estava com câncer na época, me disse: “desiste. Seu tio está muito forte, vais perder, desiste dessa e na próxima nós te apoiamos”.

Eu digo infelizmente, porque, eu desisti. Fui na próxima eleição e meu dindinho já tinha falecido. Então ficou aquela dorzinha em mim porque ele não estava ao meu lado na campanha. Mas acredito que ele me ajudou lá de cima, então em 2012 fui a primeira vez e me elegi.

GZ: O que você considera prioridade em Guabiruba?

HK: Educação e saúde. Estamos com problemas no número de vagas de creche. Temos uma nova unidade no Imigrantes, que provavelmente vai estar pronta no ano que vem, mas a falta de creche vai continuar sendo um problema. Os terrenos em Guabiruba estão cada dia mais caros.

Uma das minhas propostas para isso seria, como temos bastante galpões de igrejas católicas na cidade, o prefeito falar com as pessoas que administram esses locais para alugar e utilizar esses espaços. É uma ideia minha.

A maioria dos galpões são usados nos fins de semana ou em algumas poucas épocas do ano, nada impediria os estudantes utilizarem durante a semana. Se eu fosse prefeito eu conversaria com essas pessoas. Não entendo se é permitido, mas é uma sugestão.

O problema da falta de vagas vai persistir porque a cidade está crescendo de forma muito rápida, vem muitas pessoas de fora procurando emprego, isso é ótimo para a cidade, mas o Ministério Público não quer saber e só cobra mais vagas ao prefeito. Inclusive a prefeitura foi notificada recentemente. Notificar é fácil, porque o Ministério Público não disponibiliza a verba para obra? E a isso todos os prefeitos estão sujeitos.

A saúde sempre vai ser um problema, porque o salário do médico é muito elevado e a prefeitura infelizmente não tem condições de pagar cerca de R$ 30 mil por mês. Então acaba ocorrendo essa grande rotatividade. Agora, Guabiruba contratou três novos profissionais, mas daqui a pouco eles recebem uma proposta maior e vão embora de novo. Infelizmente isso é um problema sério.

Guabiruba não arrecada igual aos outros municípios da região. Muitas pessoas vêm reclamar e eu entendo a população, mas precisamos ter a compreensão de que a partir do momento que o profissional pede demissão sem aviso prévio, até contratar outro é complicado.

Eu poderia chegar na tribuna e soltar os cachorros na gestão, mas eu não vou estar sendo ético, eu sei como funciona. Daqui a pouco, se eu assumir como prefeito ou vice eu terei esses mesmos problemas. Essa questão da saúde é realmente complicada, tomara que em algum dia melhore a arrecadação do município para que possamos pagar melhor esses profissionais e segurá-los na cidade.

GZ: Você pretende seguir a carreira política? Ainda Legislativo ou Executivo?

HK: Olha, a minha filha já tem sete anos e já entende o quanto a política exige da gente, então, ela só diz assim pra mim; “oh pai, sai fora”. Porque a vida pública toma muito tempo. Eu gostaria até de acompanhar mais as coisas que ocorrem no município, mas ela cobra atenção.

Porém, as duas possibilidades estão em aberto. Eu já tentei jogar futebol e fazer inúmeras coisas. Eu gosto do desafio, não tenho medo de perder campanha. O não eu já tenho, a derrota também. Quando você vai pra um jogo de futebol você já entra sabendo que um vai ganhar e o outro vai perder.

Meu pai era contra minha candidatura. Eu dizia a ele, “mas pai, é um desafio que eu quero enfrentar”, e ele, preocupado como pai, me questionava “e se você perder?”. Bom, se eu perder vou continuar trabalhando e seguindo minha vida normalmente. Mas como pai ele ficava preocupado em eu me entristecer ou algo assim, mas eu sou muito tranquilo.

Acabei me elegendo como o segundo mais bem votado. Na minha opinião, não foi um mandato muito fácil. Um ano depois eu perdi meu pai [Haliton faz uma pausa emocionado] foi uma perda complicada pra mim. Eu pensei até em desistir [mais uma vez o vereador se emociona]. Como eu disse, eu e ele nos dávamos muito bem, mas acabei ficando meio perdido. Eu não aceitava a doença [do pai], fiquei meio revoltado, eu não admitia.
Sabe, a gente nunca pensa que vai acontecer com a gente, então quando aconteceu comigo foi muito forte, bem barra pesada mesmo. Meu pai nunca foi me ver na tribuna, mas quando acabava a sessão ele me ligava pra perguntar como é que foi, me aconselhava. São essas coisas são as que eu sinto mais falta do meu pai.

 

Por: Grazielle Guimarães / jornalismo@guabirubazeitung.com.br

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