Ela integra a diretoria, lida com burocracia, organiza eventos e se entrega com dedicação no trabalho voluntário da Associação de Pais, Profissionais e Amigos dos Autistas de Brusque e Região (Ama).
Conciliando os desafios da vida profissional com a agenda de voluntariado, Aliandra Camile Fischer, de 20 anos, é autista e tem Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Diagnosticada precocemente aos seis anos de idade, a guabirubense teve o apoio dos pais que sempre buscaram por todo o auxílio que ela necessitava. Porém, a história começou a mudar quando Aliandra ingressou no ensino médio. Ela relembra que, em diversas situações houve a falta de sensibilidade dos professores, tornando o ambiente escolar mais difícil.
E para escrever uma história diferente do que viveu, hoje Aliandra se dedica a ações voluntárias. Com um olhar cuidadoso e minucioso para o voluntariado, ela sentiu a necessidade de ajudar no processo de desenvolvimento na vida de autistas e seus familiares com as próprias mãos e há quase três anos se dedica a ser voluntária. Se espelhando na mãe, que foi sócia-fundadora da Ama Brusque, a guabirubense não pensou duas vezes em fazer parte da entidade e reescrever a sua história e de quem cruza o seu caminho.
“Por conta própria, sem a influência de ninguém e por livre e espontânea vontade, decidi voltar a me envolver, de maneira mais efetiva, com ações ligadas ao autismo. Sempre quis trabalhar no voluntariado com algo que me representasse e estivesse ligado a mim. E essa foi a maneira que encontrei de ajudar e falar sobre o assunto que sempre esteve presente em mim”, recorda.
Quebrando preconceitos em dobradinha, Aliandra tem uma vida profissional cheia de desafios, como todo mundo, e ainda encontra tempo para fazer o que o coração necessita, que é o voluntariado.
Apesar da rotina intensa e desafiadora como voluntária, a guabirubense está sempre disposta a fazer a diferença. Além de mudar a vida das pessoas que cruzam seu caminho, ela destaca que o envolvimento com o voluntariado faz ela superar os próprios obstáculos. O que às vezes acaba passando batido por muitas pessoas, para Aliandra o trabalho voluntário é de extrema importância, é motivo de dedicação. E como resultado: muito orgulho.
“Um dos maiores desafios para mim foi organizar meu primeiro pedágio em prol da AMA. Assumi a responsabilidade sem saber de nada, mas com a vontade de fazer tudo dar certo. Para acontecer é preciso que diversos fatores contribuam, são semanas de organização, horas sem dormir, para que você chegue lá no final, veja o resultado, tenha a certeza de que todo o esforço valeu a pena e saiba que está no caminho certo”, ressalta.
Aliandra utiliza as vivências da infância, as experiências que teve durante sua adolescência e agora na vida adulta para praticar o voluntariado, para quem também convive com os mesmos desafios. E é através dos eventos organizados pela entidade, que ela promove momentos com atividades inclusivas que contemplam todos: o autista, a família e a sociedade, sempre pensado na qualidade de vida e bem-estar de todos os envolvidos.
“O trabalho de voluntário é de extrema importância em todos os lugares. Então promover momentos que crianças autistas possam interagir com outras que são iguais a elas e enfrentam os mesmos desafios, mostra como o papel que você desempenha como voluntário, apesar de parecer um trabalho de formiguinha, muda a vida das pessoas”. Para Aliandra, fornecer esse contato com o outro é muito gratificante. “Sendo autista eu sei que todos precisam dessa troca e é muito gratificante poder proporcionar isso hoje como voluntária”, conclui.